“Como as crianças, os poetas descobrem universos nas coisas ordinárias. Para fantasiar e devanear, é preciso ser um pouco poeta e também um pouco criança.”
Alves, L. Solte a imaginação. Vida Simples 143. São Paulo: Editora Abril. 2014.
Na revista Vida Simples deste mês, a matéria de capa fala sobre “soltar a imaginação”. As ilustrações lúdicas do artigo expressam o conteúdo com muita essência e instigam o leitor a imaginar, criar e fantasiar. Assunto um tanto desafiador, mas possivelmente revelador e até mesmo verdadeiro do ponto de vista contemporâneo.
Estamos vivendo um mundo em crise, repleto de transições nas esferas econômicas, politicas, sociais, ambientais, educacionais. Foi preciso virar de cabeça para baixo e enxergar por outro ângulo, quebrar paradigmas, libertar-se. Como indica a filósofa Viviane Mosé com muita sabedoria: “Tudo já está no chão. Não há nada para ser quebrado. Temos que criar. Temos que ser nós mesmos”.[1]
Pais, professores, empresas: todos clamam por inovação, criatividade, pró-atividade. Mas alguém foi educado para pensar? Os resultados demonstram que estamos formando cidadãos através de um sistema em linha, para depois encaixá-los em um sistema totalmente desalinhado. Daí surgem os desajustados, os problemáticos, as crianças difíceis – conflito, desafio e oportunidade.
Podemos nos abastecer de ferramentas tecnológicas e convencionais. Criar uma grande e apetitosa salada de frutas no caldeirão da vida. Sermos quem somos, contribuindo com nossos valores específicos e individualizados, servirá como elo de conexão da consciência coletiva.
E por falar em elo, temos um exemplo simples e ao mesmo tempo profundo que demonstra exatamente essa mistura do bem: o Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, no interior de São Paulo, concretizou um projeto inovador e certamente mágico que interliga afeto [2]. O conceito é original e muito assistencial do ponto de vista humanizado. As crianças que enfrentam o tratamento contra o câncer e estão internadas amenizam a saudade dos pais, amigos e colegas de escola através do clássico ursinho de pelúcia. Quando surge o aperto no peito, basta apertar a mãozinha do urso e receber as mensagens enviadas por familiares e amigos via WhatsApp. Genialidade? Sim. Mas antes, imaginação.
“Senhor Einstein, como foi que fez isso? – Perguntou Max Wertheimer ao criador da teoria da relatividade em 1916. O físico contou ao psicólogo que, quando refletia sobre espaço, tempo e velocidade, costumava imaginar-se cavalgando um raio de luz ou correndo ao seu lado, para então perguntar-se se a luz pararia caso corrêssemos ao lado dela na velocidade da luz.”[3]
Portanto, a conclusão é animadora, divertida e muito clara: tudo vira tudo quando tudo é possível. Em tempos sombrios, para ser criativo a receita é simples: basta soltar, acreditar e principalmente brincar com a leveza de uma mente inspiradora, de olhos abertos através da janela da alma, sem esquecer, é claro, de uma pitada de inquietude. #professoresinquietos
[1] Evento Inteligência Coletiva. Realização Colégio Farroupilha. Porto Alegre: 12 de abril de 2014. Link: http://www.professoresinquietos.com.br
[2] Projeto Elo: https://www.youtube.com/watch?v=cEZ4Ob1RLo8
[3] Knoblich, G., Ollincher, M. Súbitas percepções. Biblioteca Mente e Cérebro – A descoberta da criatividade – Vol. 1. São Paulo: Duetto Editorial. 2013.
Poxa, cada vez mais me animo com essa página e vejo surgir outras escolas preocupadas com a ideia criativa e não mais conteúdista. Quero convidar vocês para conhecer minha página: http://www.facebook.com/pitacoecia – em breve lançarei um lovro com mais de 50 brincadeiras criativas – e na maioria inéditas! – para pais e filhos. Aguardo vocês por lá!