“Nossa, como você é inteligente!”
“Uau, você é muito esperto!”
“Você é incrível, parece que já nasceu sabendo!”
Nosso senso comum diz que crianças que frequentemente ouvem elogios como esses crescerão com a auto-estima fortalecida, certo? Bom, talvez estejamos enganados.
A Dra. Carol Dweck, professora de psicologia da Stanford University, descobriu que o tipo “errado” de elogio pode causar justamente o efeito oposto.
A experiência
Dra. Dweck realizou uma série de quatro testes com 400 alunos da 5a série de uma escola de New York. O primeiro teste era um quebra-cabeças extremamente simples para crianças dessa idade. Como era esperado, todas as crianças conseguiam realizá-lo facilmente. Nenhuma surpresa até aqui…
Mas é aí que começa a parte interessante da pesquisa. Cada vez que uma criança completava o teste, a pesquisadora lhe informava a sua nota e fazia um curto elogio. Metade das crianças eram elogiadas pela sua inteligência: “Uau, você deve ser muito esperto!”. Já a outra metade era elogiada pelo seu esforço: “Uau, você deve ter se esforçado muito!”
Logo na segunda tarefa, as diferentes consequências desses dois tipos de elogios começavam a aparecer. Agora, a pesquisadora perguntava se a criança desejava um teste do mesmo nível do primeiro ou se preferia algo um pouco mais difícil e desafiador. Adivinhou? As crianças “inteligentes”, evitando colocar sua imagem em risco, preferiam o teste mais simples, enquanto as crianças “esforçadas” pediam o teste mais difícil.
Na terceira etapa, a coisa se complicava. Todas as crianças receberam outro quebra-cabeças, dessa vez bastante complexo, projetado para crianças dois anos mais velhas. Inevitavelmente, todas falhavam. Entretanto, a atitude frente ao fracasso também foi significativamente diferente entre os dois grupos. Os “esforçados” persistiram por muito mais tempo, assumiram a responsabilidade pela falha e muitos (mesmo sem a pesquisadora perguntar) afirmaram que esse foi seu teste favorito. Já os “inteligentes” desistiam mais rapidamente. Além disso, assumiam a falha como uma prova de que na verdade não eram inteligentes como haviam sido levados a crer. Ou seja, o primeiro fracasso foi suficiente para fazer sua auto-estima despencar. “Bastava observá-los para ver a tensão.” descreveu a Dra. Dweck, “Eles estavam suando e se sentindo miseráveis”.
Por fim, os alunos foram submetidos ao quarto quebra-cabeças, que era tão fácil quanto o primeiro. O resultado? Os “esforçados” melhoraram sua performance em 30%, enquanto os “inteligentes” foram apenas 20% melhores do que na primeira vez.
Mindsets
Segundo a pesquisadora, quando a criança cresce constantemente ouvindo de seus pais ou professores elogios a características inatas, desenvolve o que Dweck chama de Fixed Mindset (Mentalidade Fixa). Ou seja, ela passa a acreditar que a inteligência é uma característica “estática”, um “dom” com o qual alguns nascem, outros não.
Já as crianças que são elogiadas por seus “esforços”, com frases do tipo “Parabéns, você trabalhou duro nisso e teve um ótimo resultado!”, desenvolvem o Growth Mindset (Mentalidade Crescente) e percebem que a inteligência pode ser “desenvolvida”.
Ao encarar seus primeiros fracassos (e quem não os encara?), quem tem Fixed Mindset tende a desistir facilmente, evitar desafios que arrisquem sua auto-imagem, ignorar críticas úteis e sentir-se ameaçado pelo sucesso dos outros. Todas essas, atitudes que costumam travar o progresso de quem as adota.
Por outro lado, as crianças que desenvolvem o Growth Mindset tendem a abraçar desafios, persistir e aprender com as críticas e sucesso dos outros. Coisas que, evidentemente, levam a uma vida mais bem sucedida.
Vídeo
Assista a Dra. Dweck explicando sua experiência sobre os Mindsets (em inglês)
Excelente.
Tenho um filho que é o exemplo disso. E eu sou o pai também exemplar nesse tipo de elogios.
Vou mudar a direção do barco. Nada como a dedicação e o esforço para conquistar os sonhos.
Valeu Renato!