Feche os olhos. Imagine a figura de um engenheiro trabalhando. Agora seja criativo e imagine sua filha no lugar do engenheiro. Imaginou? Já sei a resposta, seu cérebro não faz essa conexão. Mas se por um instante fizer, você vai imaginar a sua menina praticamente um menino, e depois conseguirá formar a imagem. Concordo com você, fica difícil ser feminina nesse contexto.
A engenheira Debbie Sterling nos ensina de um jeito descomplicado e totalmente espontâneo como podemos mudar esse paradigma. Ela é fundadora da empresa Goldie Blox, que produz brinquedos construtivos para meninas. Sua ideia inovadora surgiu da sua própria trajetória.
Era uma vez uma menina. Ela brincava de bonecas e tudo deveria ser rosa, caso contrário ela não se encaixaria. Debbie brincou muito e quando chegou à fase adulta escolheu engenharia. Teve aulas de desenho em Stanford e sua vida mais parecia um Lego sem conexões. Os meninos não a entendiam e ela precisou correr atrás para acreditar no seu potencial. No meio dessa luta interna e nadando contra a correnteza caiu uma ficha que encaixou tudo: “Nós meninas, em nossa infância, somos levadas a acreditar que seremos princesas!”.
Assista o comercial da Goldie Blox (em inglês)
Debbie tem razão. Passamos horas e horas vestindo roupas de princesas, enquanto os meninos, em vantagem absoluta, brincam de Lego e todos aqueles brinquedos construtivos. Nada contra o rosa. Muito pelo contrário, mas será que podemos pensar além da cor? Nesse momento, ficou claro que a dificuldade ou apenas o não interesse precoce por matérias como matemática e ciências são comuns no gênero feminino. Mas essa tendência não é biológica e sim totalmente cultural.
Quando os tons de rosa começaram a clarear, nossa engenheira queria encontrar um jeito de desenvolver habilidades espaciais nas meninas e acabar definitivamente com o padrão estabelecido. Criou, testou, e enfim encaixou. Depois de algumas tentativas notou que as pequenas tinham mais interesse por livros e assim resolveu unir o útil ao agradável. Criou uma história lúdica, contada através de uma personagem que resolve seus problemas construindo máquinas. Com recurso próprio produziu alguns itens e foi sucesso imediato. Certamente o mundo estava esperando por isso.
Esse pequeno conto de fadas nos mostra que a empresa Goldie Blox proporciona o desenvolvimento intelectual não somente em matérias como matemática e ciências, mas principalmente em áreas como criatividade e arte. O casulo se abriu, nossas crianças são sementinhas ávidas por inovação. A voracidade da energia infantil nos impulsiona, nos move e cada vez mais, fará com que muitas Debbies venham compartilhar suas histórias.
Assista o TEDx Talk de Debbie Sterling (em inglês)
Agora feche os olhos novamente. Respire fundo e imagine aquela figura do engenheiro. Conseguiu? Tudo bem, pode ficar tranquilo, eu também imaginei ele vestido de cor de rosa. O cérebro é plástico, mas precisa de uns minutos para absorver e compreender algumas novidades. Então retomando: desconstruir padrões, construir sonhos e ser feliz. E lembre-se sempre: sua filha será sempre mais que uma princesa! #disruptingthepinkaisle
brinquedos de pessima qualidade q apenas perpetuam o estereotipo de coisas d menina sendo corderosa e voltados a aparencia fisica, personagens miticos frutos da imaginacao. nada colorido e retratando o mundo real. q vergonha!
Oi Lea. Certamente a experiência com o produto é muito pessoal. Mas pensemos que Debbie teve a melhor das intenções, e nesse mundo tão veloz cheio de paradigmas a serem quebrados acredito ser um bom começo. O “cor de rosa” talvez seja um “link” para conectarmos com as meninas já então pré programadas pela cultura imposta durante anos. De qualquer forma, agradeço sua contribuição!
Ótima resposta, eu como educador e designer de produto, assino em baixo. Uma brecha, abertura para que uma liberdade seja renascida. Parabéns pela página, conheci hj, e com certeza utilizarei as notícias e matérias sobre educação em minhas aulas de dos terceiros anos do ensino médio, na disciplina de projetos. Obrigado