Atualização: O título original deste artigo era “Finlândia será o primeiro país do mundo a abolir a divisão do conteúdo escolar em matérias”. O título e alguns trechos do artigo foram alterados após autoridades educacionais finlandesas se manifestarem afirmando que algumas informações divulgadas na matéria original do The Independent, nas quais este texto foi baseado, estão equivocadas. Até este momento, o The Independent continua mantendo a sua versão inicial, mas o Rescola optou por se ater às informações confirmadas pelo Finnish National Board of Education. Além disso, publicamos um artigo de Pasi Sahlberg, um dos maiores especialistas mundiais em reforma educacional, esclarecendo os pontos controversos e trazendo maiores informações. (28.03.2015)
Em pouco tempo, cenários como esse, que já são comuns nas principais escolas da capital Helsinki, poderão ser encontrados em toda a rede de ensino do município e nas cidades do interior. O objetivo é claro:
A Finlândia quer ser o primeiro país do mundo a adotar em todas as suas escolas o ensino por “Tópicos” multidisciplinares (ou “Fenômenos”, conforme a terminologia adotada pelos educadores finlandeses).
Há anos, a educação finlandesa vem sendo considerada a melhor do mundo. Com “segredos” como valorização dos professores, atenção especial aos alunos com mais dificuldades, valorização das artes e de diferentes formas de aprendizagem e uma radical redução no número de provas e testes, o país tem consistentemente dividido as mais altas posições nos rankings do PISA (Programme for International Student Assessment, ou Programa para Avaliação Internacional de Estudantes) com Cingapura, mas com as vantagens de oferecer uma educação universalmente gratuita e livre dos tremendos níveis de estresse aos quais os estudantes asiáticos são submetidos.
Apesar dos excelentes resultados (ou talvez por causa deles), a Finlândia pretende continuar repensando e aprimorando seu sistema educacional. “Não é apenas Helsinki, mas toda a Finlândia que irá abraçar a mudança”, afirma Marjo Kyllonen, gerente educacional de Helsinki. “Nós realmente precisamos repensar a educação e reprojetar nosso sistema, para que ele prepare nossas crianças para o futuro com as competências que são necessárias para o hoje e o amanhã. Nós ainda temos escolas ensinando à moda antiga, que foi proveitosa no início dos anos 1900 – mas as necessidades não são mais as mesmas e nós precisamos de algo adequado ao Século 21.”
Naturalmente, a ideia de substituir “Matérias” por “Fenômenos” como forma de dividir o conteúdo escolar e apresentá-lo aos alunos sofreu resistência inicial, principalmente dos professores e diretores que passaram suas vidas se especializando e se preparando para ensinar matérias. Mas com suporte do governo – inclusive incentivos financeiros através de bonificações para os professores que aderissem ao método – os professores foram gradualmente se envolvendo e hoje aproximadamente 70% dos professores das escolas de ensino médio da capital já estão treinados e adotando essa nova abordagem.
Atualmente, as escolas finlandesas já são obrigadas a oferecer ao menos um período de ensino transdisciplinar baseado em Fenômenos por ano. Na capital Helsinki, a reforma está sendo conduzida de forma mais acelerada, com as escolas sendo encorajadas a oferecer dois períodos. A previsão de Marjo Kyllonen é de que em 2020 a transição estará completa em todas as escolas do país.
Saiba mais sobre a Educação na Finlândia (conteúdo em inglês):
- Vídeo-documentário “The Finland Phenomenon”.
- Palestra de Jaana Palojärvi, diretora de relações internacionais do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, no Brasil.
- Discussão comparando a educação da Finlândia e de Cingapura.
Medida curiosa e bastante interessante. Como seria caso nosso país adotasse algo semelhante?
De qualquer forma, torço para que o Brasil, independente das medidas adotadas, possa ser reconhecido por uma educação de qualidade e referência.
digo com tristeza que aqui seria uma bagunça infelizmente. . . nosso pais é grande demais para gerir um sistema desses com unidade . . . digo isso no sentido de ter uma direção clara e unificada sem desvios que venham a deturpar o plano inicial. . .. não digo isso em tom de deboche de nosso país mas sim de forma imparcial levando em conta nossa cultura e e principalmente nossa falta de estrutura pra alavancar algo desse porte. . . . . porém por mim penso que esse quadro atual não é impedimento pra que se comece um trabalho de base, como forma de semear uma mudança tão positiva no futuro.
Relevante matéria educacional; os finlandeses deram um grande passo com a reforma educacional através do ensino/aprendizagem de abordagem interdiscipinar; não sei quando essa abordagem será adotada em nossos país; que pelo menos inicie até o final da vigência do PNE (1924); a par disto, a horta escolar é uma alternativa para alfabetização científica e de utilização como laboratório vivo no ensino de ciências, matemática, português, artes, etc com abordagem interdiscipinar.
Derão um grande passo sobre a Educação, Esperamos que o Brasil mude pra Melhor
Na verdade, a divisão do currículo por disciplinas foi criada didaticamente, para facilitar a especialização dos professores no aprofundamento de seus conhecimentos em uma determinada área. Na vida, esses assuntos são inter-relacionados, ocasionando no ensino deles, a interdisciplinaridade, ou seja, o trabalho pedagógico coletivo para sua maior abrangência no ensino construtivo de todos os seus aspectos, para melhores resultados. Ao que chamam de fenômenos, chamamos de transformações.