No primeiro final de semana de outubro foi realizado o curso Design Thinking a Bordo. Concebido por um time formado por mim, Caroline Bücker, por minha colega em projetos de Design Thinking Ana Berger, e por Cassio Lutz e Roberto Machado da PrimeSail, uma empresa dedicada a proporcionar vivências de aprendizagem a bordo de um barco. O curso aconteceu no Clube Veleiros de Porto Alegre.
Por que Design Thinking?
O Design Thinking é uma metodologia criativa focada na resolução de problemas. Sua experimentação tem como maior ganho a mudança de atitude frente a resolução de problemas, uma vez que a metodologia insere a emoção no processo e valoriza visões e competências multidisciplinares do grupo. é uma metodologia baseada em pessoas.
O processo de Design Thinking se inspira no processo de pensar e criar de um profissional de design. Na prática, propõe etapas de projeto que são vivenciadas de forma iterativa. As principais são: a empatia, em que a emoção tem relevância ao nos colocarmos no lugar do outro (usuário, cliente, colaborador), a redefinição do problema, em que propõe-se uma revisão do problema inicial do projeto, tendo em vista o aprendizado gerado na etapa de empatia, a ideação, momento em que são geradas idéias que respondem ao problema, e a prototipagem, em que busca-se uma a colocação de alguma(s) da(s) ideia(s) em prática. Ao colocar-se idéias em pratica, possibilita-se a vivência do erro, o que acelera o aprendizado.
Por que velejar?
Para a elaboração do curso, nos colocamos no lugar dos alunos e para construir o problema a ser trabalhado. Velejar por si já é uma prática que proporciona reflexões, erros, aprendizados e trocas constantes. Pensamos que fato de ser uma atividade inédita para os participantes do curso potencializaria a vivência da metodologia criativa, e assim definimos o tema do problema a ser trabalhado em equipe: colocar o barco a velejar.
Sem noção alguma sobre a prática da vela, o grupo recebeu algumas dicas iniciais, mas foram eles os responsáveis por colocar o barco a andar, o que significou pesquisar sobre o esporte, definir papeis para o trabalho em equipe, realizar ações como “subir as velas” e estabelecer um objetivo comum para a velejada.
O curso
Todas as etapas do processo de Design Thinking foram vivenciadas de forma fluida e coletiva. Na hora de realizar a velejada, que tornou-se o próprio protótipo do grupo, chuva, vento, mudanças no plano inicial e o desconhecimento das atividades básicas da velejada formaram um cenário desafiador para os alunos, que tiveram que encontrar novas soluções de uma forma criativa e colaborativa.
Como resultado da experiência de vivenciar uma metodologia criativa aliada a experiência de aprendizagem proporcionada pela velejada, pudemos perceber fatores muito positivos. O grupo construiu relações de confiança rapidamente, não só entre os membros, mas também em relação a metodologia. Outro ponto muito importante percebido por nós, facilitadores e posteriormente pelos alunos, foi a permissão e o incentivo ao erro. A abordagem inicial na qual relacionamos a fase de prototipagem com a vantagem de correr riscos e permitir-se errar num aprendizado, foi absorvida e colocada em prática pelos velejadores aprendizes e gerou reflexões e insights ao final da velejada.
Logo após a experiência de colocar o barco para velejar, fizemos uma reflexão sobre o aprendizado, que trouxe a tona emoções diversas nos alunos. A sensação de pertencimento a um grupo, de realização por ter velejado, da tomada de consciência da necessidade de fazer mais perguntas, pesquisar, definir papéis e atividades, além da possibilidade e da permissão de errar foram alguns pontos que chamaram atenção dos alunos.
Nossa reflexão
Termos atingido o objetivo de proporcionar uma experiência de aprendizagem diferenciada, de compartilhar nosso conhecimento e com os alunos, representou para nós, facilitadores, uma grande realização.
Além disso, ficou claro que experiências como essa podem ser realizadas em qualquer lugar, para qualquer tipo de aluno e para o ensino de qualquer assunto ou conteúdo. O fundamental é criar uma forte contextualização para o que se pretende ensinar, projetar desafios e objetivos que sejam complexos, mas viáveis, e confiar na habilidade dos alunos de buscar as soluções, sem cair na tentação de entregá-las prontas. Assim, qualquer aula pode ser tão inesquecível como uma tarde à bordo de um veleiro.
Que venham novos grupos de Design Thinking a Bordo! Estamos abertos a novas experiências!
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