Após o primeiro dia, ficou evidente que o Minecraft era a principal atração para o nosso clube de desenvolvimento extracurricular. Mas esta ferramenta digital não era a única coisa que interessava. Vários estudantes manifestaram interesse em desenho; outros queriam saber como publicar seus textos on-line.
Com esses interesses em mente, nós encomendamos cópias do Minecraft Pocket Edition para os nossos 20 iPads. Para os outros 30 iMacs muitas atividades foram sugeridas, como aprender linguagem de sinais através do YouTube, ou experimentar o Construa com Chrome, uma possível alternativa ao Minecraft.
Uma coisa que eu estou aprendendo rapidamente: acesso, por si só, não é suficiente. Quando manuseiam tecnologia com pouca orientação ou supervisão, os estudantes tendem a usá-la no mínimo denominador comum, cognitivamente falando. Talvez essa tendência esteja relacionada com o fato de que minhas observações estejam sendo feitas na escola, onde resultados esperados são, bem, esperados. Será que postar metas que conectem seus interesses e projetos relevantes à ferramentas digitais específicas seja a resposta para desencadear as paixões dos estudantes?
Eles sairam correndo!
Refletindo sobre o nosso segundo dia, eu acho que “desencadear” depende do ponto de vista. Da perspectiva de professor, não faltava paixão aos estudantes.
Quando nós liberamos metade dos estudantes para irem ao laboratório após uma breve discussão sobre nossas rotinas, eles deram aquela “corridinha” que você normalmente só vê no recreio, por temerem que não haveria computadores suficientes. A outra metade aguardou ansiosamente a sua mesa ser liberada para poderem escolher um iPad.
Em um artigo de 2013 para o blog Voices, “A Ciência da Aprendizagem Baseada em Paixão”, Peter Skillen descreve paixão como sendo mais do que apenas engajamento e motivação. Ele vê paixão como uma emoção que, quando conectada a trabalho significativo, pode levar a profundos e conceituais níveis de aprendizado. “Há processos cognitivos no cérebro que são “ligados” pela emoção”, escreveu ele, “seja ela paixão, raiva, ansiedade ou outras emoções”.
Essas possibilidades eram entusiasmantes para nós. Tocar no que apaixona os alunos, como Minecraft e iPads, poderia levar a uma aprendizagem que poderia ser inatingível em um ambiente escolar mais tradicional. E a pesquisa que ele citou para apoiar este conceito ajudou a validar nossos esforços. Como Peter descreve:
“Quando os estudantes estão passionalmente engajados em sua aprendizagem – quando eles são mesmerizados por seu ambiente de aprendizagem ou atividades – há uma miríade de respostas nos seus cérebros fazendo conexões e construindo esquemas que simplesmente não ocorreria sem essa paixão ou emoção.”
A paixão encontra a frustração.
O fenômeno cerebral que Peter descreve não necessariamente garante um começo suave para a jornada. Para alguns dos nossos estudantes, as suas paixões rapidamente se transformaram em frustração.
O update do Google Chrome não estava funcionando corretamente e, consequentemente, o Construa com Chrome também não. Os estudantes que a princípio não estavam interessadas no Minecraft, mas agora viam seus amigos imersos no jogo, de repente queriam entrar na diversão. Entre aqueles que já estavam jogando Minecraft, alguns estudantes não estavam sendo tão “cooperativos” quanto poderiam, colocando dinamite (os meninos) nos abrigos que outros jogadores (as meninas) estavam tentando construir.
Colocando de lado nossos papeis normais como professores, meu colega e eu tentamos guiar nossos aprendizes frustrados a resolver esses problemas eles mesmos.
Os estudantes que estavam experimentando dificuldades com o Chrome foram encorajados a se certificar de que todos os computadores estavam com os mesmos problemas (eles não estavam; alguns funcionaram). Um estudante achou um computador que estava funcionando corretamente e começou a jogar Construa com Chrome.
Em vez de exercer nossa autoridade de professores e adultos para “resolver” o problema de cooperação no Minecraft, nós convidamos os estudantes envolvidos a resolver isso entre eles próprios, com a nossa ligeira orientação. Uma dupla de estudantes usou dois dos iPads para conversar pelo Skype, sentados a apenas 3 metros um do outro. Mais do que sermos os experts na sala, nós tentamos construir expertise entre os alunos.
A montanha russa radical do Sr. Renwick
Então o nosso segundo dia do Clube de Computação foi uma montanha russa. Parece haver uma fina linha entre paixão e frustração. Mas se nós estamos experimentando emoções nas nossas iniciativas, isso deve dizer algo sobre o clima de aprendizagem no qual estamos participando. Isso significa que nós nos importamos profundamente com o processo e os resultados.
Essas atividades nas quais estamos engajados importam para os estudantes. Isso dá importância às atividades. Se nós pudermos atrelar essas paixões a construção da nossa inteligência coletiva, eu não posso imaginar uma experiência de aprendizagem mais poderosa.
Vem mais por aí!